Questões Sociais e Comunicação com o Público
A falta de uma boa política de comunicação de riscos e de melhores compreensão da percepção e aceitação dos riscos pelo público parecem representar uma contribuição importante para o medo de possíveis efeitos sobre a saúde das tecnologias de comunicações móveis. Também é importante considerar o grau de compreensão que o público tem sobre a ciência envolvida.
O medo da tecnologia não é novidade. Ocorreram receios quanto aos efeitos prejudiciais à saúde para várias tecnologias quando elas foram introduzidas pela primeira vez, tais como com os fios do telégrafo, a televisão, as linhas de transmissão de energia, o aspartame, os implantes mamários de silicone, e muitos outros. Além disso, é preciso notar que os campos eletromagnéticos não são perceptíveis aos nossos sentidos, o que contribui para aumentar a preocupação do público.
Uma maneira óbvia de aliviar o medo e a ansiedade sobre os possíveis efeitos da RF é proporcionar às pessoas tanta informação quanto possível (educação do usuário), desde que essas informações sejam bem comprovado e sejam prestadas por peritos e organizações bem qualificados. Todo esforço deve ser feito para que não se aumente as preocupações das pessoas. Por exemplo, discutir a incerteza científica associada ao impacto da radiação não ionizante sobre a saúde, e a implementar medidas preventivas. pode ter um impacto negativo sobre a percepção pública do risco ou a sua confiança nas políticas e órgãos do governo se não for feita com cuidado.
Um fator importante para a aceitação pública das novas tecnologias parece ser a de comparação entre riscos e benefícios, que não é óbvia como parece. De particular interesse para os utilizadores de telefones móveis, a indústria e o governo, é o fato de que há poucos estudos recentes sobre os riscos e os benefícios das comunicações móveis, em comparação com muitas outras tecnologias que têm um forte impacto na sociedade.
Apesar da existência de um esmagador número de pesquisas sérias que demonstram não existirem efeitos prejudiciais da RF à saúde humanas, com a exceção da utilização de telefones celulares ao dirigir veículos, os relatórios alarmistas da mídia acabaram por criar uma opinião no público que está fora de sintonia com as evidências científicas.
Todas as tecnologias têm sua cota de riscos. Estes devem ser contrabalançadas por um estudo cuidadoso de seus benefícios. Tal é o caso dos automóveis, aviões, produtos químicos utilizados na agricultura e na conservação de alimentos, na combustão de petróleo e carvão, energia nuclear, alimentos geneticamente modificados, etc. A sociedade tem reconhecido e aceite todos eles, devido à sua extrema utilidade, desde que os riscos sejam gerenciados, através da aplicação de limites de exposição, realizar modificações tecnológicas, ou outras medidas semelhantes para reduzir riscos. Assim, há uma necessidade de mais estudos enfocando os benefícios sociais e econômicos das tecnologias de comunicação móvel.
Esta seção do relatório aborda a investigação de fenômenos sociais e da comunicação ao público, e vários outros tópicos relacionados, tais como percepção de risco, aceitação do risco e de questões de risco / benefício, a resistência social às novas tecnologias, a compreensão dos benefícios, tais como a percepção do impacto real das comunicações sem fio sobre a saúde, o bem-estar e a segurança, a melhoria da compreensão do público sobre a ciência envolvida. a comunicação pública sobre campoas eletromagnéticos e os problema de saúde, a comunicação sobre as incertezas da ciência. a aplicação e a comunicação de medidas de precaução, a avaliação da qualidade da informação ao público, a ética e responsabilidade profissional dos meios de comunicação de massa.
Referências latino-americanas sobre a comunicação pública e a investigação social sobre campos eletromagnéticas são escassas. A maior parte desta revisão foi baseada em referências de relatórios elaborados por outros países da Europa, E.U.A. etc.
Sugere-se que deve haver um local de referência para a região da América Latina, que forneça através da Internet uma cobertura de todas as questões pertinentes relacionadas às radiações não ionizantes e a saúde. Deve estar situado em uma agência governamental reguladora apropriada ou em uma prestigiada universidade ou instituto de pesquisa.
Ter muitas regras diferentes só cria confusão e desconfiança do governo. Todo esforço deve ser feito para harmonizar as normas em todos os níveis (nacional, estadual ou municipal), que adotem as normas baseadas na ciência, recomendados por organismos internacionais, como a ICNIRP.
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